Y ésta, por ser la décima de las cuarenta de João Gilberto, en riguroso directo grabado para diferido, y sin pleibá, oiga!
(y con la guitarra que enseña mi tripita)
Samba de uma nota só Antonio Carlos Jobim e Newton Mendoça
Eis aqui este sambinha, feito numa nota só Outras notas vão entrar, mas a base é uma só Esta outra é consequência do que acabo de dizer Como eu sou a consequência inevitável de você
Quanta gente existe por aí que fala tanto e não diz nada Ou quase nada Já me utilizei de toda a escala e no final não sobrou nada Não deu em nada
E voltei prá minha nota como eu volto prá você Vou cantar com a minha nota como eu gosto de você E quem quer todas as notas, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó Fica sempre sem nenhuma, fique numa nota só
A franja da encosta, cor de laranja, capim rosa chá O mel desses olhos luz, mel de cor ímpar O ouro ainda não bem verde da serra, a prata do trem A lua e a estrela, anel de turquesa
Os átomos todos dançam, madruga, reluz neblina Crianças cor de romã entram no vagão O oliva da nuvem chumbo ficando pra trás da manhã E a seda azul do papel que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa que vão passando ao nos ver passar Os dois lados da janela E aquela num tom de azul quase inexistente azul que não há Azul que é pura memória de algum lugar
Teu cabelo preto, explícito objeto, castanhos lábios Ou pra ser exato lábios cor de açaí E aqui trem das cores, sábios projetos, tocar na Central E o céu de um azul celeste celestial
Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio naufrago Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contramão atrapalhando o Sábado